Saturday, September 3, 2011

E havia luar e mar e a solidão, ó Álvaro.


Encostei-me para trás na cadeira de convés e fechei os olhos,
E o meu destino apareceu-me na alma como um precipício.
A minha vida passada misturou-se com a futura,
E houve no meio um ruído do salão de fumo,
Onde, aos meus ouvidos, acabara a partida de xadrez.

Ah, balouçado
Na sensação das ondas,
Ah, embalado
Na idéia tão confortável de hoje ainda não ser amanhã,
De pelo menos neste momento não ter responsabilidades nenhumas,
De não ter personalidade propriamente, mas sentir-me ali,
Em cima da cadeira como um livro que a sueca ali deixasse.

Ah, afundado
Num torpor da imaginação, sem dúvida um pouco sono,
Irrequieto tão sossegadamente,
Tão análogo de repente à criança que fui outrora
Quando brincava na quinta e não sabia álgebra,
Nem as outras álgebras com x e y's de sentimento.

Ah, todo eu anseio
Por esse momento sem importância nenhuma
Na minha vida,
Ah, todo eu anseio por esse momento, como por outros análogos...
Aqueles momentos em que não tive importância nenhuma,
Aqueles em que compreendi todo o vácuo da existência sem inteligência para o compreender
E havia luar e mar e a solidão, ó Álvaro.

- Álvaro de Campos

Thursday, June 23, 2011

A Walk in Alfama



Sunday, April 17, 2011

Thursday, March 24, 2011

Friday, January 21, 2011

Il Conformista

A memorable quote from Bernando Bertolucci's 'Il Conformista':

Marcello
: You see, the origin of my father's mental illness isn't venereal. That can be medically confirmed.
Giulia's Mother: By the way, my little girl has had the mumps, scarlet fever, and German measles.
Marcello: They're all very moral maladies.